segunda-feira, 20 de maio de 2013

Seminário do IRDEB contará com presença juvenil na mesa


Nos dias 20, 21 e 22 de maio de 2013, será promovido o I Seminário Comunicação, infância e Adolescência, idealizado pelo Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), da Secretaria de Comunicação Social do Estado da Bahia. O evento, que será realizado no Teatro do IRDEB, na Federação, em Salvador, vai reunir representantes de instituições públicas, privadas e não governamentais que trabalham com temáticas de comunicação e de defesa ou educação a crianças e a adolescentes.

Partindo do princípio de que os meios de comunicação de massa são agentes importantes para difusão de conhecimentos e informações em sociedade, o encontro pretende discutir sobre a produção em rádio para esses jovens.

No dia 21 de maio, uma Terça-Feira, está prevista a mesa que abordará o tema: Mídia, Juventude e Periferia, onde o explanador do tema será o Jovem Comunicador Fundador do Mídia Periférica e morador de comunidade Enderson Araújo, que tem um vasto currículo sobre o tema proposto a ele, o jovem vem seguindo os movimentos de democratização da comunicação no Brasil e tem um forte diálogo com os veículos de comunicação locais e nacionais, onde já fez trabalho em áudio e vídeo como, por exemplo: Cobertura ao Vivo da Semana Baiana de Hip Hop, para o programa Ação Periferia da Radio Nacional e tem feito reportagens para o programa Câmara Ligada da TV Câmara Nacional. 
“A mídia alternativa tem realizado um grande papel no processo de democratização, pois nós jovens temos realizado grandes articulações a nível nacional com outros jovens de outros estados, afim de nos unirmos para combater a desigualdade e preconceito que são impregnados em nossas comunidades, através da mídia sensacionalista, mas entendemos que a mídia tradicional deve abrir espaços para que nós possamos reverberar nossos potenciais, para que possamos mostrar nossas comunidade de maneira que não venha marginalizar, pois nas periferias tem o que é bom, mas também o que é bonito e precisa ser mostrado” conta o jovem Enderson que também é blogueiro do Portal Ibahia, Correspondente do Portal Correio Nagô e membro da Rede Nacional de Jovens e Adolescentes Comunicadores.




Redação Mídia Periférica

domingo, 12 de maio de 2013

Por Celso Athayde: SETOR F



Desde que me entendo por gente e mesmo não sendo um grande conhecedor em economia, minha experiência como camelô vem me mostrando que o modelo empresarial no Brasil tem sido o responsável direto por muitos dos problemas sociais que vivemos. Chegar a essa conclusão não é difícil. Imagino que todos os líderes sociais, intelectuais, políticos, religiosos, empresariais, assim como os "buchas" de todos os setores também concordam com isso. O ponto central dessa questão é: quais as sugestões e alternativas temos para apresentar? Percebo que, ao longo dos anos, a Economia Social vem ganhando bastante expressão. Seus objetivos passam necessariamente pela solidariedade e pelo desenvolvimento integrado da comunidade. Ela tem contribuído muito com o Estado em suas ações e infelizmente até o substitui, em alguns casos extremos. Mas é claro que esse não é o seu papel. Acredito que a função principal seja a de construir alternativas e, até no limite, ser um prolongamento do Estado na implementação de suas políticas sociais. Em síntese, a Economia Social é o que transforma os valores e até os costumes de um ambiente e muda a vida das pessoas em um país capitalista.



Pensando nisso, quero propor um novo debate para esse momento, um novo pensamento na direção da economia da favela, que estou batizando de Setor F. O assunto merece atenção no que diz respeito ao fenômeno de renda dos moradores desse setor. O PIB de muitos países, o da Bolívia, por exemplo, é menor que o volume do movimento da economia das comunidades brasileiras. É importante perceber que não estou falando somente das periferias, e, sim, das favelas, que existem inclusive nas periferias. Caso contrário, esse número seria muito maior e estaríamos falando em quase 70% da população. É hora de todos atentarem para esse “velho” Setor F: os do asfalto ou os das favelas. Esse exercício serve, inclusive, como um dos caminhos para demover o preconceito. Até aqui, os argumentos que muitos usavam para não se aproximarem das favelas foram a geografia complexa dos terrenos, que dificulta o acesso e demanda supostos grandes investimentos, ou o receio do poder paralelo. O fato é: precisamos promover o encontro dos empreendedores desses dois mundos! Precisamos definitivamente assumir o desafio que é a geração de um valor compartilhado em que podemos revolucionar a administração, gestão e o planejamento dessa economia considerada ainda por muitos como paralela, por ser parte de um ambiente que tem uma cultura própria e seus próprios códigos de existência e desenvolvimento. Esse território que pulsa economicamente e que exige investimentos e legalidade plena. Esse mundo que quer ser incluído em todos os seus aspectos, e assim transpor todas as fronteiras que ainda existem.

Para provar que é perfeitamente possível, acabamos de criar a Favela Participações S/A (Favela Holding), um grupo integrado por 20 empresas que tem o foco de atuação nas favelas brasileiras. Trata-se se uma sociedade entre a Favela Holding e grandes empresas dos mais diversos setores. Essa sociedade dará vida a empresas de eventos, agência de viagens, publicidade, MMA, shoppings, fábricas de móveis, editora, instituto de pesquisa, distribuidora, expansão de negócios e mídia, só para citar algumas. A idéia central é que o empreendedor tenha a real percepção do retorno financeiro que essas comunidades irão trazer para o seu investimento. Em contrapartida, quero que o morador da favela tenha oportunidade de ser visto pelos empresários como protagonista desse processo de construção compartilhada. Ou seja, como sócios, de fato. Isso será feito pela primeira vez nessa relação comercial. Para que esses moradores possam executar esse papel de protagonismo, deverão se preparar para co-gerenciar seus negócios, para gerar lucros e para manter esse lucro dentro da própria favela, com o objetivo de promover uma melhor qualidade de vida ao lugar. Alguns parceiros já começaram a colaborar com esse processo de formação, como Fundação Dom Cabral e SEBRAE-RJ.

Acredito que a grande revolução brasileira será o avanço da economia nas favelas, uma sociedade de 12 milhões de pessoas. Do contrário, alardearemos que somos a sexta economia mundial, comemoraremos em breve que alcançamos a terceira, mas, se as favelas não se desenvolverem, só aumentaremos a distância entre o Brasil que cresceu e o outro Brasil que sucumbiu.

Exatamente por isso, resolvi investir em uma nova lógica de trabalho. O objetivo não é fazer nenhuma reparação ao trabalho que fiz com a CUFA até aqui, pois se tivesse que fazer novamente, eu faria exatamente a mesma coisa. Deixamos a CUFA como a instituição de maior capilaridade do país e uma das mais respeitadas que conheço. Mas, por outro lado, é preciso refletir o quanto é importante as organizações não virarem apenas um balcão de projetos. As ações não podem existir somente para fortalecer o ego das organizações e de seus líderes. Penso que um movimento social deve ser pautado pelo desenvolvimento dos coletivos, sejam eles parte ou não dessas organizações, sobretudo quando os recursos são públicos. Isso não é nem de longe uma crítica ao que foi possível fazer até aqui, afinal, nem sempre escolhemos as formas. Muitas das vezes, nos limitamos a seguir o fluxo.

A decisão de deixar a gestão da CUFA, apesar de me engajar em um projeto comercial que tem a mesma direção, pode não ser visto de forma natural por algumas pessoas. Novidades, sejam elas em que âmbito forem, sempre geram espantos. Mas, enquanto eu viver, serei um inquieto que tentará se divertir surfando no olho do furacão. Precisamos seguir novos rumos, trilhar na direção do que acreditamos. E claro, continuar pagando o preço por sermos vanguarda em muitas ações. Lembro, por exemplo, de quando fizemos o primeiro grande show em uma favela no Rio, talvez no Brasil. Foi na Cidade de Deus, no ano de 2000, mais precisamente em uma noite de Natal. Produzimos um mega show, com direito a muitas lágrimas dos artistas e do público. Um encontro memorável entre a Cidade de Deus e Caetano Veloso, Djavan, Dudu Nobre e Cidade Negra. A mídia fez desse histórico acontecimento um caso de polícia. Mesmo assim, o fato possibilitou a leitura da sociedade e do poder público de que a favela também era um lugar onde os grandes eventos culturais pudessem e devessem ser realizados. Até hoje, fazemos grandes eventos em favelas, com parceria de muitos que nos criticaram na época. O importante disso tudo é constatar que, hoje, outros tantos parceiros fazem esse tipo de ação e com sucesso. Outro caso emblemático foi quando fizemos o filme e o livro ‘Falcão: Meninos do Tráfico’. Lembro que, apesar de ter recebido prêmios em mais de 20 países, de ter recebido as homenagens mais importantes do país, o Bill e eu também fomos processados e acusados de fazer apologia ao crime e associação ao tráfico. Resistimos a tudo e seguimos em frente.

Felizmente, hoje essa resistência é reconhecida como um marco que possibilita muitas organizações e pessoas a se comunicarem com as favelas das mais variadas formas e até mesmo com o tráfico, com o objetivo de mediação de conflitos. Foi assim, em 2001, quando fizemos o primeiro projeto de formação de agentes da lei. A CUFA, em parceria com o Ministério da Justiça, qualificou guardas municipais para melhor se relacionarem com os jovens das favelas.
Eu poderia citar muitos outros momentos em que fomos considerados vanguarda na relação com comunidades, mas isso já passou e o futuro é o que nos desafia. Em nome desse desafio, lancei mão dessas relações para criar essa que é a primeira holding de favelas do mundo: a Favela Participações S/A.

Quero trazer à tona a discussão sobre a economia da favela, o Setor F: uma discussão sobre o que acredito ser a receita ideal do bolo capitalista, com muitos ingredientes dessa nossa economia social e compartilhada. Baseado no que construí, nas idéias que propaguei, em tudo o que acredito, e vindo de onde vim, eu precisava criar mecanismos para que o nosso desenvolvimento como conjunto fosse viável. E é aí que trago essa reflexão para essa nova mentalidade.

É importante que esses grandes empresários pensem além dos recursos disponíveis nas favelas. É preciso pensar no desenvolvimento de seus moradores, tanto para promover a empregabilidade em massa quanto o empreendedorismo. Para que os habitantes das favelas alcancem esse objetivo, antes de tudo, é preciso que os empresários percebam que uma sociedade entre eles seria mais do que um modelo que revolucionaria a economia das favelas. Deveriam considerar que seria o único modelo sustentável e que jamais foi testado coletivamente.

Para destacar os efeitos do Setor F, vou lembrar um pouco dos outros três setores. O primeiro setor: o privado capitalista, com fins lucrativos. O segundo: o setor público, que visa satisfazer o interesse geral da população. E o chamado terceiro setor, que é parte integrante da Economia Social e está ligado à economia solidária. Na esfera dessa Economia, estão o associativismo, o cooperativismo e o mutualismo como formas de organização da atividade produtiva. Mas é importante pontuar algumas semelhanças e diferenças entre esse novo Setor F e o terceiro setor, que é uma categoria que traduz certas práticas que podem ser aplicadas em qualquer lugar. O Setor F não. Esse é bem específico: focaliza territórios chamados favelas (chamados pelo IBGE de aglomerados sub normais). O terceiro setor combina geração de lucro com benefícios sociais. O Setor F faz dessa combinação um projeto de afirmação política e cultural de comunidades. Acredito que as favelas se tornarão mais poderosas, em todos os sentidos, e mais capazes de pensar criticamente sobre si mesmas e sobre o país, na medida em que passarem pela experiência educativa, de aprendizado e desenvolvimento, e de tornarem-se protagonistas de um processo de interesse pessoal e coletivo. Visto por esse prisma, o Setor F se torna qualitativamente diferente do terceiro, porque o todo é maior do que a soma das partes. Por isso, o Setor F não é apenas a soma do terceiro setor mais cultura e política. Ele converte-se em outro tipo de experiência coletiva. Isso impacta a própria dimensão econômica do que se chama Setor F, porque, se é preciso pensar o significado político e cultural de cada empreendimento, a avaliação não pode ser apenas econômica e social, como seria naturalmente no terceiro setor, do qual eu faço parte há quase 20 anos.

Daí a idéia de um shopping. Um shopping é um grande símbolo capitalista que pode ser apropriado e ressignificado, mantendo vários de seus aspectos clássicos como: lojas de marca, escadas rolantes, ar condicionado, praças de alimentação e um astral imponente. Nesse novo modelo, esse mesmo shopping pode construir novos aspectos também, como a presença das lojas locais que vão derramar produtos fabricados na própria favela, a exposição das mais diversas artes consumidas na comunidade ou ainda a relação entre seus próprios pares, na medida em que o ponto chave estará na relação entre os vendedores e clientes da própria favela, eliminando os históricos preconceitos. Outro ponto é a relação entre fraqueado e franqueadores, já que as marcas só garantem espaços no Favela Shopping se for via Franquia Social, ou seja, o franqueador investe em um empreendedor da favela, por ele identificado. Se por um lado haverá um investimento social ao ofertar a franquia, por outro haverá um ganho por muitos anos nesse mesmo espaço inovador. Para que esse modelo - de Franquia Social - seja aplicado, será preciso um processo de formação, qualificação e acompanhamento da gestão pelos que têm experiências em seus respectivos ramos de atuação. Mais do que isso: 100% dos funcionários do empreendimento deverão ser moradores da favela. Isso vai melhorar a qualidade de vida da população já que, além desses trabalhadores estarem menos tempo em trânsito, portanto mais tempo com seus familiares, o projeto vai gerar renda local e fazer com que esses valores permaneçam ali. Mas não paro por aqui. Como se não fosse bastante esse impacto positivo na economia da favela, outro aspecto, no caso dos shoppings, é a obrigatoriedade da criação de um projeto visual para todo o comércio no entorno do empreendimento, além de oferecer cursos de negócios para todos os comerciantes locais, visando o desenvolvimento dos interessados. Até mesmo o Estado tem a chance de pensar incentivos para estimular a o crescimento de empreendedores nessas comunidades.

Estou convicto de que estamos iniciando um processo empreendedor jamais visto! O tempo nos mostrou que nenhum desses setores foi capaz de resolver, ou mesmo entender, as mais diversas dimensões da economia das favelas. O grande ensinamento que fica e a grande reflexão que todos devemos fazer é: ou dividimos todas as riquezas que todos nós geramos, ou, infelizmente, seremos obrigados a continuar convivendo com as consequências da miséria que os concentradores de renda têm gerado ao longo da história. E todos temos a chance de mudá-la. A hora é agora!

CELSO ATHAYDE
Diretor Executivo da Favela Participações S/A

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Jovens de Salvador e Rio de Janeiro Discutem novas tecnologias

Enderson Araújo e Raull Santiago são dois jovens que vivem a mesma realidade em locais diferentes, o primeiro é um jovem que reside na comunidade de Sussuarana, periferia da cidade de Salvador, Bahia. Já Raull é um jovem ativista, morador do Complexo de Favelas do Alemão na cidade do Rio de Janeiro. Ambos utilizam as redes sociais por meio das novas tecnologias como forma de fazer valer o direito humano a comunicação, além de divulgar os problemas existentes nas comunidades onde residem para mobilizar a juventude em busca de seus direitos.

 

Os dois se encontrarão no próximo sábado (11/05) no Rio de Janeiro, em um encontro organizado pelaRede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores RENAJOC, com apoio do Portal Correio Nagô. A ideia surgiu de idéias trocadas por aplicativo WhatsApp entre Enderson e Bruna Souza, jovem comunicadora do Rio de Janeiro que faz parte da RENAJOC, assim como Enderson, logo decidiram criar uma atividade para trocar experiências vividas nas duas cidades.

No evento, os jovens irão falar um pouco sobre a importância do uso das novas ferramentas tecnológicas para a busca de direitos e validação dos mesmo, tendo como ponto de partida o olhar de dentro da comunidade.

“As novas tecnologias de comunicação estão transformando o mundo em que vivemos hoje. Apoiar um evento que reúne jovens de periferia que estão discutindo esse assunto é para nós, estratégico. Acreditamos no poder transformador que as mídias digitais podem fazer nas comunidades e por isso o Correio Nagô é parceiro em qualquer iniciativa nesse sentido”, conta Paulo Rogério, Co-Editor do Portal Correio Nagô, site de notícias do Instituto Mídia Étnica, que faz formação de jovens comunicadores em Salvador, em uma delas foi formado o jovem Enderson Araújo.

Para a educomunicadora Evelyn Araripe, da Revista Viração, é importante juntar jovens para trocar experiências “Eu acho que a importância dos jovens se organizarem em rede é que eles criam um espaço de trocas de experiências e saberes que fortalecem suas ações individuais e locais. É em rede, também, que o jovem conquista mais espaços de diálogos e debates, bem como forças para dar mais visibilidade às suas idéias”.

Raull é membro do coletivo Ocupa Alemão,um coletivo de jovens moradores de favela que propõem soluções para as demandas da cidade. Já Enderson é um dos criadores do Mídia Periférica, grupo de jovens comunicadores que discute a democratização da comunicação e produz mídia sobre as comunidades periféricas. Segundo Claudia Maciel, apresentadora do Programa Ação Periferia na Rádio Nacional, “Os jovens de periferia precisam estar conectados. O diálogo, a troca de experiências e a socialização das diversas vivências promovem um currículo atual e globalizado que atende e envolve todos os problemas e dificuldades da juventude”.

Serviço
O Quê: Roda de Diálogos – Juventudes Conectadas
Quando: Sábado – 11/05/2013
Com Quem: Enderson Araújo – Salvador e Raull Santiago – Rio de Janeiro
Onde: Instituto Rose Muraro - Rua Hermenegildo de Barros, n° 44 Santa Teresa
Contato: Bruna Souza – 021 9986- 9707



Portal Correio Nagô - www.correionago.ning.com


RENAJOC - http://renajoc.org.br/



Ocupa Alemão - http://www.facebook.com/OcupaAlemao?group_id=304831986311628


sábado, 4 de maio de 2013

Sensacionalismo: A periferia não é palco, nem os jovens são atores desse teatro.



O que faz uma jornalista estrangeira vir ao Brasil, e, preparar uma matéria para a Reuters, um site reconhecido mundialmente, e propagar imagens sensacionalistas das comunidades de periferia em Salvador? Não estamos aqui dizendo que não existe o tráfico, as mortes e tudo mais que nós de comunidades sabemos que existe, e sabemos também o porque ela existe, por ausência de política públicas e assistência do GOVERNO dentro das comunidades. 

A copa  ocorrerá em 2014,  e com isso,  os empresários que a organizam  só pensam em fazer a segurança dos turistas, e, por consequência colocam mais  policia nas ruas e em especial nas comunidades periféricas. Mas porque não se pensa em estudar projetos de turismo comunitários, projetos de jovens que estão produzindo conteúdo onde mostram as belezas das suas comunidades, o empreendedorismo local? Outro questionamento é:  por que estas iniciativas não são fortalecidas? Para além do que foi mostrado pela jornalista, existem jovens que estão propagando as suas comunidades, emergindo culturas e artistas locais.

 
Contudo, nota-se que o grande culpado de tudo isso é o governo, que não investe no sistema público de educação, saúde, transporte dentre outros direitos que nos são privados. Em contrapartida  o Estado brasileiro investe mais no aparelhamento da policia. Acreditamos que a mídia local também deveria exercer seu poder de influência e dialogar mais com as comunidades de maneira em que não sustentar um discurso sensacionalista sobre as mesmas, tratando-as como apenas como meros necessitados. Sim, são necessitados, mas de direitos básicos que outrora foi supracitado, e que o governo deveria garantir.  

Segue exemplos de jovens que estão usando celulares, câmeras digitais, gravadores como "armas" para "traficar" informações sobre as comunidades.

Jovens do Nordeste de Amaralina que criaram um portal de noticias, o "Nordeste Eu Sou", para noticiar o dia-a-dia de sua comunidade para o mundo. O complexo de bairros do Nordeste de Amaralina, foi o primeiro local de Salvador a receber implementação de uma Base Comunitária de Segurança (semelhantes a UPP's). Além do site Nordeste Eu Sou, outro grupo de jovens criou a "Tv Interativa DKebrada"- que elaboram vídeos para divulgar artista da própria comunidade.




Contudo, ainda há experiências como o  do "Coletivo Boom Clap"  e "Colé de Mermo", formado por jovens produtores de comunidade, e, que através da Cultura Hip Hop estão ocupando espaços públicos no centro da cidade de Salvador com "Batalhas de Rimas", eventos ligados ao Hip Hop e a Cultura Urbana Negra, fazendo festas acontecerem de maneira que as pessoas possam resignificar essas manifestações culturais dando visibilidade a estas e aos atuantes da cena. 
Nas imagens a seguir, jovens de comunidades que se organizam no centro da cidade para fazer batalha de rimas improvisadas, que por sua vez tem como grande vencedor o "Big", jovem oriundo da periferia e que agora irá representar a Bahia no Duelo Nacional de MC´s em Belo Horizonte - MG, sendo que em 2012 quem representou o estado foi a MiraPotira.
 


Os jovens de comunidades são produtores de tudo isso, e sem dúvidas trazem novas perspectivas de vida para outros amigos que já não encontram ou sabem o que seria ter expectativa, pois a policia, o aparelho que é usado pelo governo para oprimir. 

Todo esse descaso e sensacionalismo é fruto dum ciclo de interesses e valores entre os poderosos. Marginalizar os jovens de comunidade é bem, mas fácil do quê escutar, ver e acima de tudo compreender as diversas potencialidades artísticas em cada beco que totaliza as periferias. Pois, é mais rentável pra mídia privada trabalhar com as contradições sociais geradas pelo modelo de sociedade vigente.

Para os sensacionalistas que utilizam da atividade jornalística para difundir mentiras, aqui segue um recado: os jovens de periferia estão verdadeiramente " armados", mas com celulares, iphones, câmeras digitais e outras ferramentas que certamente auxiliarão na produção comunicação, afim de "traficar" informações sobre a realidade das periferias soteropolitanas,  mostrando o lado bacana, não somente para que tenham bons olhares sobre a comunidade, mas também como um local em potencial para receber investimentos e incentivo. 

É importante que a correspondente Lunaé Parracho, da agência de notícias Reuters, aborde um outro olhar sobre as periferias de Salvador, e não apenas o olhar generalizador e preconceituoso que mostra a juventude negra apenas em atividades que põem a sua vida em risco, sobretudo no atual momento em que no Brasil o debate sobre a redução da maioridade penal ganha força dentro dum Senado burguês.

Contudo, os mesmos jovens marginalizados nas fotos da jornalista, agora apontam para a necessidade de estimular debates no campo do Direito á Cidade, Criminalização da Pobreza, Democratização da Comunicação, para que assim fortaleça a organização da juventude negra.   
São inúmeros o jovens que por meios alternativos, criaram um canal possível de diálogo entre diversas comunidades existentes em Salvador, e, em outras regiões do Brasil. Prova disso é a jovem comunicadora Itamara Silva, moradora periferia de Sussuarana, uma das formadoras do "Mídia Periférica".


 Os jovens de comunidades de periferia não podem servir de atores do teatro do sensacionalismo criado por jornalistas desiformados. Não é somente criminalizando as periferias que vamos conseguir resolver diversos problemas, que vão para além do crime organizado, deve se criar uma via de diálogo entre governo, mídia e a juventude que produz cultura dentro das periferias, pois pode ser criada e traçada estrategias para que materias como estas não venham a existir novamente 

Creditos Fotos: Divulgação Redes Sociais
Texto: Enderson Araújo
Adaptaçoes: Pedro Alexandre