segunda-feira, 18 de julho de 2016

Oficina Criativa Jovem Negro Vivo: A comunicação alternativa é a nossa arma

Oficina de Audiovisual - Mídia Periférica

Neste final de semana o Mídia Periférica realizou a Oficina de Comunicação Comunitária (Audiovisual) durante a “Oficina Criativa Jovem Negro Vivo”, uma realização da Anistia Internacional Brasil com o apoio do Instituto Oyá, Conjunto Pirajá I – Salvador/BA onde o evento aconteceu.
A Oficina Criativa teve como objetivo valorizar a potência da juventude negra e da periferia, potencializando experiências de empoderamento e visibilidade. Além de refletir sobre a violência que atinge o jovem negro. O evento reuniu mais de 40 jovens de coletivos culturais e sociais da capital e região metropolitana. Além da oficina de audiovisual outras ocorreram paralelamente ao longo dos dois dias: Estética Negra, Serigrafia/Estampa, Texto/Poesia, Dança e Capoeira.

No sábado (16) Enderson Araújo e Bruna Calazans apresentaram a proposta da Oficina de Audiovisual e deram início às atividades com a exibição de vídeos sobre a Campanha Jovem Negro Vivo, apresentação de dados do Mapa da Violência de 2014 e reflexão sobre a responsabilidade da mídia hegemônica nesse contexto de violência contra a juventude negra, através do sensacionalismo e reprodução dos estereótipos e estigmas. Tivemos a contribuição de Rebeca Lerer na discussão sobre a política de drogas, criminalização, legalização e controle, ela que é jornalista, ativista, coordenadora de campanhas da Anistia e especialista na área de política sobre drogas.
No final da tarde foi proposta a criação de um brainstorming (chuva de ideias) para que os jovens pensassem como a comunicação alternativa pode construir narrativas de enfrentamento a essa violência que nos atinge diariamente, utilizando ferramentas ao nosso alcance (notebook e celular).

No segundo dia (17) retomamos as atividades iniciando a parte prática da oficina. A ideia do grupo foi construir um programa de TV – “Periferia em Rede – Black TV”, como produto final. Os participantes se organizaram no processo criativo dividindo as tarefas de planejamento, produção e pós-produção, com técnicas de comunicação e improvisos para criação de roteiro, execução e edição dos vídeos. O programa teve como ponto de partida o debate sobre a política de drogas, a notícia da queda de um avião representando a quantidade de jovens mortos a cada dois dias no Brasil e a cobertura da “Oficina Criativa Jovem Negro Vivo”. Com o objetivo de causar um choque na sociedade, alertar para altos índices de violência contra nós jovens negros, sensibilizar e mostrar por outro lado que estamos resistindo e lutando pra recriar narrativas e fortalecer o protagonismo juvenil. E um desses caminhos é através da construção de uma comunicação inclusiva, plural e transformadora. O resultado foi incrível.

Salvador é a terceira capital a receber a oficina criativa que faz parte da Campanha Jovem Negro Vivo, realizada antes no Rio de Janeiro e Brasília. Uma iniciativa muito importante para refletirmos que a violência tem cor, idade, sexo e território. Nós, juventude negra, estamos morrendo todos os dias. No Brasil são 30 mil jovens são mortos por ano, desses 93% são homens e 77% negros, 82 jovens por dia e 7 a cada duas horas (Dados do Mapa da Violência de 2014).  E quem se importa?A indiferença é grande. 
A mídia também contribui com esse cenário, reproduzindo a violência. Nós negros somos suspeitos em potencial, somos alvos de homens fardados que nos taxam como perigosos e se valem dos autos de resistência para legitimar nossas mortes, que são banalizadas e naturalizadas. A violência na periferia é institucionalizada! Por isso precisamos ocupar espaços como esse para pensarmos formas de denúncia, disseminação de nossas vozes, resistência e luta pela juventude negra viva.
 Nós por Nós! #JovemNegroVivo



Webjornal "Periferia em Rede - Black TV":

Âncoras: Adriele do Carmo e Brendo Araújo
Reportagem: Laiane Almeida, Mariana Reis e Michele Menezes
Colaboração: Nelson Mendes
Edição: Franciele Viana 
Direção: Bruna Calazans e Enderson Araújo