sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Podia ser meu filho.

Quando nos deparamos com esse texto compreendemos de imediato que deveríamos publica-lo em nosso blog.

A chacina no Rio de Janeiro, a violência no Nordeste de Amaralina, bairro de Salvador, nos levam a reflexões sobre o valor que nossos corpos negros e periféricos possuem. Agora, o governo da Bahia duplicando o valor do prêmio pela "eficácia" da PM, que podemos traduzir em mais truculência e morte dos nossos.

Ele nos foi cedido pela Luara Colpa, 28 anos, advogada e militante, de Belo Horizonte - MG:

Estou a parir meu filho preto. Na maca onde a enfermeira impaciente empurra minha barriga.
Me livro da dor pensando em seu futuro:

De uniforme e banho tomado ele desce a ladeira:
- Cuidado ao atravessar a rua! (Ele olha pra trás e sorri)
- Não esquece a merendeira hein filho? - Tá mãe!!
- Esteja bem vestido (para não te confundirem ... com ladrão).
- Não erga a cabeça pro polícia.
Vou franzindo a testa e abaixo o tom de voz:
- Ande com carteira de Trabalho no bolso e apresente-a sempre que abordado.
- Se quiser ter o cabelo colorido, será confundido com bandido. Se quiser homenagear seus ancestrais e fazer dreads e penteados, será chamado de vagabundo.
- Você poderá apanhar na cara – Por que mãe? Porque sim, Não revide
- Você sofrerá revistas vexatórias todas as semanas da sua vida. Porque sim.
- Você será chamado de macaco, "esse preto", "de cor".
- Não ande em grupos pra não ser confundido com arrastão.
- Estude filho, vão falar que as cotas o salvou, que é incapaz. Não dê ouvidos à eles.
- Se você se esforçar muito no trabalho, será chamado de "moreninho até que esforçado" e mesmo que te explorem e expurguem, e que seu salário seja menor que o de todos... usarão seu exemplo, pra justificar a Meritocracia canalha que nos imputam.
- Em qualquer furto na empresa você é o suspeito, filho. Sim.
- Você será mal visto o resto da sua vida na família da sua namorada branca. Porque sim também..

Sua mãe vai sofrer violência obstetrícia no hospital. Porque é preta. Você vai nascer na contramão da vida. Porque alguma igreja um dia disse que não tinhamos alma.
Que nossa cultura era inferior, e mediram nossos dentes e nossas canelas. E nos deram um terço pra tentarmos nos redimir de termos nascido nessa cor.

Quando acharam oportuno, vestiram nossos turbantes e se apropriaram da nossa capoeira. Quando não nos queriam mais, nos forjaram "livres" na Lei do sexagenário. E então fomos expulsos da escravidão para a escravidão real.

Aqui estamos. Somos a história dos centros urbanos, filho. Fomos expulsos do modelo de cidade e do convívio entre pessoas. Nunca fomos pessoas.
Da periferia pra periferia seguimos, expurgados.

Não nos perguntaram onde construímos nossa vida, nossa raiz. Somos sem estória.. A cada despejo fomos para a região metropolitana que nos colocavam. Em cada plano de habitação que meia dúzia de engomados brancos escreveram, fomos encaixotados nos predinhos de 40m². Bem longe. Longe dos olhos dos gringos.

Taparam nossas casas com tapumes pra Copa do Mundo. Botaram camburão na nossa quebrada, pra nos lembrar que desde "o fim" da escravidão, não sabem o que fazer pra tampar nossa existência.

Vão te dizer que mesmo em Estado de Sítio, você tem direito à ir e vir no seu país (que seus ascendentes construíram lajota por lajota.. paralelepípedo por paralelepípedo).

Mas você será executado à luz do dia filho. Na porta de casa. E eu vou lavar seu sangue.

Você será metralhado com 50 tiros. Você e seus amigos pretos. Porque sim. Porque fazem parte da parcela da população que tem que ter regras pra estar vivo. Que é achincalhado desde o nascimento.

Nos exterminarão todos os dias, todos os dias "um crime isolado".
E jogarão a culpa no policial noiado, no indivíduo sob pressão, na legítima defesa. A sociedade não reconhecerá que são todos cúmplices da sua morte.

Eles estão certos, agem em "legítima defesa". Te avisei pra não sair sem a carteira de trabalho filho. Aliás, nem deu tempo de mostrar né? Te avisei pra não encarar o polícia.... Também não precisou. É, não deu tempo.
Vamos entrar pra estatística filho.

Eles só tem a televisão. Só tem a visão longinqua e deturpada do que somos. Eles desligarão a TV quando incomodar. Eles não sabem de mim, nem de você.

Só mais uma mulher sozinha parindo sob violência.
Só mais um preto metralhado. O Deus branco que nos perdoe, somos sem alma.

#Podiasermeufilho

Luara Colpa.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

​Tudo que Aprendemos Juntos" chega aos cinemas de todo o Brasil e o diretor Sérgio Machado contou para o Mídia Periférica tudo sobre o processo de criação

Fotografia: Correio da Bahia
"Não tenho a ilusão de que esse filme – ou qualquer outro – mude a cabeça das pessoas ou a realidade de um país, mas torço para que ele possa estimular o debate sobre o papel das artes na formação dos jovens."


Nesta quinta-feira (3) a exibição do filme "Tudo que Aprendemos Juntos", dirigido pelo baiano Sérgio Machado, chega aos cinemas de todo o país. Aqui em Salvador ficará em cartaz nas salas do  Shopping da Bahia; Glauber Rocha; Cinépolis Salvador Bela Vista e  Cinemark Salvador. 
O filme marcou em outubro a abertura do XI Panorama Internacional Coisa de Cinema, no Espaço Itaú Glauber Rocha, com a presença do diretor, Lázaro Ramos não pode comparecer - o ator interpreta o músico Laerte, que após frustrações em sua carreira como violinista passa a se dedicar ao ensino de música para jovens da periferia de São Paulo. Estivemos presentes na exibição para conferir e nos encantamos com o enredo que envolve histórias de superação por meio da música, frente aos problemas sociais vivenciados diariamente nas periferias - representatividade. Cultura e arte como elementos que contribuem para a transformação da realidade de jovens da periferia. Realidade que acompanhamos de perto e que também buscamos contribuir com a mudança por meio da comunicação comunitária e de ações socioculturais. No mesmo circuito, outra produção do cineasta também foi exibida, o documentário "Aqui deste lugar", ainda sem previsão de estreia comercial na Bahia, que mostra a ascensão de três famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família. 

Sérgio Machado, 47, diretor e roteirista, é baiano formado em Jornalismo e começou a carreira no cinema com a direção de dois documentários em vídeo: “Bagunçaço” e “Três Canções Indianas”, realizados durante uma viagem de intercâmbio à Índia. Nos seus 22 anos de carreira no cinema. Dentre as suas direções se destacam: Quincas Berro d’água (2010); Cidade Baixa (2005);  Onde a Terra Acaba (2002). Além de trabalhos com Walter Salles,“Central do Brasil” (1998).
 
O Mídia Periférica teve a oportunidade de entrevistar o Sérgio Machado, ele nos contou mais sobre ambas produções, os processos de criação e os projetos para 2016, inclusive aqui na Bahia. A seguir a entrevista. Deixamos aqui também a indicação para que todos assistam "Tudo que Aprendemos juntos". Não percam! 


MP - Os discursos estéticos dos seus dois últimos longas partem de críticas sociais, qual a sua posição diante da necessidade de haver crítica forte e consistente nas produções cinematográficas? 
Sérgio Machado - Acho importante que os cineastas (e artistas de um modo geral) se posicionem e defendam suas ideias. Acho que a gente tem a obrigação de ter uma visão crítica do país. As vezes tenho a impressão de que as pessoas criticam o Brasil como se fossem marcianos e não tivessem nenhuma responsabilidade pelos nossos problemas. 
Eu não me eximi de expor meu ponto de vista, mas tentei ao máximo fugir de qualquer postura doutrinadora. Tentei ser tão neutro quanto possível e deixar que o espectador chegue as suas próprias conclusões. 
O objetivo do documentário era levar o espectador para dentro das casas, transforma-lo num cúmplice, para que ele partilhasse dos dilemas de cada família. Queríamos entender como as diferentes gerações assimilaram essa transformação. 
Escolhemos a técnica do cinema direto justamente para minimizar nossa interferência. Não fizemos nem perguntas, acompanhamos silenciosamente o que aconteceu com as famílias durante o período de filmagem. As histórias narradas em Aqui Deste Lugar são simples e partem do cotidiano: No Ceará uma menina, ajudada por sua mãe, sonha em cantar numa banda de Forro; No Rio Grande do Sul, uma adolescente enfrenta a oposição do pai para namorar; Na periferia de São Paulo uma doméstica batalha diariamente para manter a família. Não são histórias excepcionais, são relatos singelos, mas que representam de alguma forma os avanços e as dificuldades das camadas mais pobres da população brasileira. 


MP - "Tudo que aprendemos juntos” conta uma história da juventude da periferia e é feito por ela. Além da música como um caminho para o enfrentamento dos problemas sociais, pode perceber essa representatividade associada à autoestima desses jovens? 
Sérgio Machado - Durante as filmagens o que mais me marcou foi o convívio com os meninos. É impressionante o que aconteceu com eles, o quanto eles cresceram e mudaram a partir do filme. Para mim ficou claro que eles não são o problema do país e sim a solução. 
A prática musical dá segurança e aumenta auto estima dos jovens. Tenho convicção de que o país mudaria se a cultura fosse, de algum modo, massificada. Ao aprender a cantar, dançar, tocar um instrumento, ou fazer um esporte o jovem ganha prestigio. Hoje em muitas comunidades carentes do Brasil a referência principal de poder é o traficante de drogas. O país não vai mudar enquanto o prestígio estiver associado à violência (em relação aos homens) e a sexualidade (em relação às mulheres). 

MP - Até que ponto essa produção cinematográfica tem a ver com a sua história de vida? Você é filho de músicos e afirma ter passado parte da infância em uma orquestra. 
Sérgio Machado - Sou filho de músicos, meu pai tocava trompa e era pianista, e minha mãe era fagotista na Sinfônica da Universidade da Bahia. Eles eram estudantes, não tinham como pagar uma babá, por isso cresci brincando entre instrumentos e ouvindo música clássica. Cheguei a estudar piano e violino, mas não levei adiante graças a minha falta de talento musical. 
O filme é, sem dúvida, uma homenagem aos meus pais e trouxe de volta importantes lembranças que estavam perdidas. É também um projeto pessoal porque me sinto próximo do dilema do protagonista – um violinista que tem uma crise nervosa numa audição e se defronta com a possibilidade de não fazer mais aquilo para qual se preparou durante a vida inteira. Consegui avançar no roteiro no instante em que me dei conta do quanto de Laerte havia em mim. Decidi ser diretor de cinema na infância e nunca cogitei fazer nada diferente. O medo do protagonista é também meu medo de um dia, por algum motivo, não conseguir mais filmar.

MP - "Tudo que aprendemos juntos” ganhou em agosto grande repercussão a nível internacional, como foi essa trajetória? 
Sérgio Machado - Lançamos o filme na Suíça no principal sessão do Festival de Locarno na Piazza Grande para 8.000 pessoas. Depois disso, graças às boas críticas, o filme já foi vendido para mais de 20 países. Em seguida fomos para o Festival do Rio, Panorama da Bahia e Mostra de São Paulo. Em todas as sessões a resposta do público foi impressionante. O filme tem uma inegável capacidade de se comunicar com diferentes públicos e pelo que temos visto toca bem fundo em algumas pessoas e muitos se conectam com a mensagem do filme.  A sessão na Sala São Paulo, com a orquestra de Heliópolis foi a mais impressionante que já vi na vida. 

MP - O cinema brasileiro ainda se mantém distante da população, essa distância se torna maior quando incluímos dificuldade de acesso e mobilidade, já que os espaços culturais estão concentrados nos centros das cidades. Qual a sua percepção quanto ao ensino de música nas escolas e como observa a necessidade de iniciativas de produção/distribuição de cinema comunitário que partem das periferias? 
Sérgio Machado -  Acho que a cultura em geral está longe da grande maioria dos brasileiros. Uma enorme parcela da população não frequenta teatros, não lê, não vê filmes, não vai a concertos nem shows. Acho que o país só muda quando a cultura for massificada. O projeto venezuelano, que ensina música a milhões de crianças e jovens deveria servir de exemplo, mas infelizmente iniciativas como o Baccarelli e a Neojibáalcançam apenas uma pequena parcela da população. 
O cinema - que é a mais popular das artes e a de maior alcance - deveria ter muito mais penetração. Devia estar nas escolas, nas comunidades. O Brasil tem muito poucas salas de projeção, a maioria delas em shopping centers e com preços proibitivos para as pessoas que vivem em bairros da periferia. Além disso, obviamente, há a concorrência com os grandes filmes americanos.

MP - O que permeia ambas produções é o diálogo social, a temática que envolve as periferias e o caminho de esperança para mudanças. Uma ponta para o que falta mudar, como você afirma. Poderia comentar sobre a ligação? 
Sérgio Machado - Não tenho a ilusão de que esse filme – ou qualquer outro – mude a cabeça das pessoas ou a realidade de um país, mas torço para que ele possa estimular o debate sobre o papel das artes na formação dos jovens. 
Alguns dos melhores filmes brasileiros nas últimas décadas tem exposto de maneira contundente os nossos problemas. São obras importantes que expõe a nossa ferida como Carandiru, Cidade de Deus, Notícias de Uma Guerra Particular e Tropa de Elite. 
Quando fui convidado para dirigir esse filme tive a sensação de que era importante falar também das pessoas que estão buscando caminhos para resolver nossos problemas. Nos últimos anos têm surgido iniciativas que indicam que a melhor forma de lidar com a violência e a desigualdade é educando e facilitando o acesso à cultura. 
O cinema não tem força para mudar a realidade, mas alguns filmes importantes foram feitos a partir desse desejo. 

MP - Sobre “Aqui Deste Lugar”: foram dois anos de viagens pelo Brasil, quase mil entrevistados, todos beneficiários do Programa Bolsa Família. O que foi mais marcante nessa experiência?
Sérgio Machado -  O principal objetivo do Aqui Deste Lugar era mostrar que o combate à miséria e à fome transcende as questões ideológicas e partidárias. Gostaria que o filme defendesse a ideia de que a desigualdade no Brasil (e no mundo) é aviltante e que qualquer pessoa honesta deveria apoiar iniciativas que a combatam. 
Cada família me comoveu de um modo particular. Fiquei impressionado com a trajetória de Ângela, em São Paulo, a batalha dela ilustra algo que percebemos em diversas regiões do Brasil, que a mulher é quem movimenta esse país. Acho bonita a união dos gaúchos, é uma família estruturada que em breve deve sair do programa. 
Pessoalmente acabei me tornando próximo da família do Ceará e mesmo depois das filmagens tenho acompanhado a luta de Natália e de Helena para manter a família de pé apesar de todas as dificuldades. Fico comovido com a capacidade que elas tem de sonhar e projetar um futuro melhor. 
Fiquei muito comovido quando Jonas, o irmão da Natália, me perguntou se eu gostava do meu filho. Eu achei estranha a pergunta e respondi que meu filho, que era da idade dele, era a pessoa que mais amava no mundo. 
Ele fez um longo silêncio e me contou que o pai dele não se importava e mal o conhecia. Aquilo me deixou abalado, fiquei pensando o quanto eram diferentes as oportunidade de Jonas e de Jorge, o meu filho, que nasceu cercado de confortos e foi amado desde o primeiro dia. Desde então passei a me incomodar mais com os excessos, com o desperdício e a ganância.

MP - Quais foram os critérios para a seleção das famílias? Por que essas três - Ceará, Rio Grande do Sul e São Paulo - e por que as outras duas foram cortadas? 
Sérgio Machado - Viajamos por todo país para conhecer a realidade de cada região e de posse desses dados nos encontramos com especialistas técnicos para que nossa escolha fosse o mais representativa possível. Queríamos que as famílias representassem a média de cada região. Escolhemos famílias compostas por indivíduos de diferentes idades. Acreditávamos choque entre gerações poderia render situações reveladoras. 
Chegamos finalmente a cinco famílias: no Amazonas, no Piauí, no Ceará, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A ideia é que a escolha obedecesse a dados estatísticos objetivos. Quando fomos para a ilha de edição e chegamos a um primeiro corte percebemos que era impossível nos aprofundarmos nas cinco famílias e cortamos as famílias do Amazonas e Piauí. 

MP - Você teve a oportunidade de presenciar a reação dessas famílias ao se depararem com o registro de suas histórias nas telas do cinema? Qual a sensação pra você? 
Sérgio Machado - Quem vem nos acompanhando durante os lançamentos é Natalia - a jovem cantora da família cearense. Viajamos juntos por todo Brasil. Ela gostou de se ver na tela e virou uma espécie de embaixatriz do filme. Foi bacana conviver vários dias com ela, fiquei impressionado com a sede que ela tem de aprender e a abertura para as novidades. 

MP - Como você se coloca diante os discursos de ódio, sobretudo na internet, quando o assunto é o Bolsa Família? 
Sérgio Machado - Na verdade o discurso do ódio vai além do bolsa família. Tenho assistido com preocupação e tristeza a propagação do discurso racista, homofóbico, o crescimento da intolerância religiosa. Numa sessão do documentário que tivemos em Recife um jornalista chegou ao cúmulo de agredir com palavras pesadas a Natalia, disse que ela não tinha futuro e que não ia para lugar nenhum. Eu fiquei perplexo, parece que algumas pessoas perderam a vergonha da própria mesquinharia. Ninguém tem o direito de falar uma coisas dessas para um jovem (ou para qualquer pessoa). Mas (felizmente) a maioria das pessoas tem entendido o recado do filme. 
Meu sonho é que as pessoas que assistissem ao filme tivessem a sensação de que o dinheiro gasto para combater a fome e diminuir o abismo social no país é o melhor investimento que se pode fazer. Acredito que é e intolerável  que alguém passe fome num país rico em recursos e que não está envolvido em uma guerra ou no meio de uma catástrofe natural. 

MP - Quais os projetos em vista, sobretudo os cinematográficos? Tem coisa boa prevista aqui na Bahia, em 2016, juntamente com Lázaro Ramos e Wagner Moura? 
Sérgio Machado - Estou trabalhando em diferentes projetos. Um deles, A Luta do Século – sobre a rivalidade de Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro - está quase pronto e será lançado no inicio do ano que vem. Estou montando um núcleo de desenvolvimento de projetos em Salvador com as Produtoras  Ondina Filmes e Janela do Mundo - do qual participam Lázaro Ramos e Wagner Moura, Bernard Attal, Gabriela Almeida e Ricardo Calil. 
Ano que vem vou filmar o longa metragem O Adeus do Comandante – inspirado na obra de Milton Hatoum. Lázaro e Wagner devem fazer o filme comigo: as filmagens ocorrerão na Amazônia. Estamos só afinando o roteiro para começar a produção. 
Estou também fazendo - em parceria com Walter Salles e a Gullane Filmes - o desenho animado A Arca de Noé inspirado nas poesias de Vinicius de Moraes. Pretendo também fazer um documentário sobre o fotógrafo Pierre Verger no ano que vem. 
Além desses projetos - que já estão em andamento - estou desenvolvendo alguns roteiros em parceria com amigos. 

Sinopse de "Tudo que Aprendemos Juntos

Laerte é um músico promissor que sofre uma crise em plena audição para uma vaga na Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Ele perde a chance de trabalhar na maior orquestra sinfônica da América Latina e, frustrado e com problemas financeiros, vai dar aulas na favela de Heliópolis. 
Na escola, cercado por pobreza e violência, redescobre a música de forma tão apaixonada que acaba por contagiar os jovens estudantes. “Tudo que Aprendemos Juntos” é inspirado na história real da formação da Orquestra Sinfônica de Heliópolis e conta a emocionante saga de um músico e seus alunos, que tiveram suas vidas transformadas pela arte.